domingo, 1 de outubro de 2006

Dividindo Angústias

E vamos nós, outra vez!


Se o Ibope e as ORM confirmam segundo turno, quem sou eu para duvidar? Vou é relaxar e tomar mais uma. Porque esses 29 dias serão cruéis.

No segundo turno, a máquina será levada a pleno vapor. E por um comandante cerebrino. Capaz de bancar, no perobal, todos os michês.

Todas as capacidades serão acionadas, mesmo em outras esferas de poder. Vai correr sangue, muitos cairão.

Mas quero é ver como ele vai solucionar a questão mais complexa: a indisfarçável, inelutável, insofismável incapacidade de o “velho” terminar o mandato. E de assumir, no lugar dele, quem, todos sabemos...

Com mais quatro anos pela frente, a partir de 2010, diga-se de passagem. Queira ou não o cerebrino comandante da máquina. Até porque, certamente, será o primeiro a enfrentar o exílio...


Priante ou Ana Júlia, quem seria o melhor, pelas oposições? Confesso, que nesse sentido, permaneço na legião dos indecisos. Logo eu, que formo opinião...E que detono de meia dúzia pra cima. Sorrindo...

De um lado, Priante, talvez, possua maior capacidade de agregar forças ao centro e de debater com o “velho” – se conseguir dosar a agressividade.

Mas Ana é do PT. E não, apenas, do PT. É de corrente minoritária, que amarga essa condição porque inflexível a determinados comportamentos, digamos assim. E que, também, tem trânsito e jogo de cintura.

E eu fico pensando até que ponto essa história de a Ana ser despreparada e “fraquinha” não é puro machismo. Afinal, ela não é filha de sicrano, nem mulher de beltrano. É Ana Júlia e ponto. Uma mulher que cavou o próprio espaço político, numa sociedade historicamente dominada por homens.

Os gaúchos e paulistas têm heroínas avassaladoras. Mas, nós, paraenses, que heroínas temos, afinal? Bom, se alguém gritar Severa Romana, eu vou ali e já volto...

Por que se exige das mulheres uma capacidade infinitamente superior a de qualquer homem? Por que temos de ser semidivinas, sempre que tentamos alcançar o espaço amplamente dominado pelo grande macho branco?

Por que não podemos aparentar medos, inseguranças, absolutamente normais a todo e qualquer ser humano?

Se um homem gagueja, é porque se confundiu. Mas, quando gaguejamos, é como se o mundo viesse abaixo.

Se um homem não tem resposta imediata, bem que pode culpar a própria assessoria. Mas, se nós, mulheres, cometermos um erro assim, seremos carimbadas como despreparadas...

Ana Júlia é uma pessoa. Como toda e qualquer pessoa.

Amanhã, decido se lhe dou ou não um crédito.
E sei que há muito tucano por aí pensando, exatamente, do mesmo jeito...


Uma Experiência



Vou repartir com os companheiros tucanos uma experiência.

Trabalhei com Valéria, por mais de um ano. Não me posso queixar de sua amabilidade, educação, simpatia. É uma dama.

Lembro que Valéria chegou a me dizer, certa vez, que eu pertencia a equipe dela – e não do governo.

E lembro das tentativas dela e de vários assessores – com efetivo poder de mando – para que nos aproximássemos.

Mas nunca me permiti isso. Porque sempre compreendi que, um dia, estaríamos em campos opostos.

Gosto de Valéria. Acho que é uma pessoa extremamente sagaz, gentil, educada – e essa é uma qualidade que aprecio muito. A capacidade de dizer obrigada, sempre. De tratar bem à senhora do cafezinho e de não descontar nela os males do mundo.

Mas há, aqui, um problema de fundo. De compreensão da realidade. Que não nos faz nem melhores, nem piores. Nem anjos, nem demônios. Mas que é um problema de concepção a considerar.

Para Valéria e o PFL, de um modo geral, distribuir óculos e cestas básicas é algo meritório. É bom. Para além da sagacidade política, existe uma espécie de cumprimento do dever. É, talvez, uma certa mentalidade cristã. De ajudar o “pobrezinho” porque, de alguma forma, culpado dessa condição.

Daí o Presença Viva, um programa essencialmente assistencialista, ter se tornado o carro-chefe da Seeps. Ele dava consultas médicas, óculos, certidões, sei mais o quê. E, certamente, nunca passou pela cabeça de Valéria questionar se tudo isso que se estava “dando” não era, simplesmente, um direito...

Nós, tucanos – e também o PT, se quiser sobreviver – temos de ter infinita capacidade de compreensão diante de tal raciocínio. Nós, tucanos e petistas, já estamos muito pra cá da Revolução Francesa e do nascimento do Cidadão: já discutimos a factibilidade democrática; os desvãos da democracia; os limites da tolerância.

Mas a direita brasileira permanece, ainda, no tempo do direito divino dos reis. Distribuem-se “favores”, simplesmente. Não há impostos, direitos, deveres, bens socialmente produzidos – e que precisam, portanto, ser socialmente repartidos. Há uma riqueza magicamente produzida por capacidade solitária. Inexiste, enfim, o pressuposto societário daquilo que pode vir a ser considerado humano.

Mas a direita representa uma fatia considerável do pensamento brasileiro. Então, não é possível, simplesmente, excluí-la: é preciso lidar com isso. Porque, a alternativa, é o autoritarismo.

É preciso, então, uma ação pedagógica. Que começa pela sociedade. Para empurrar essas pessoas, esses cidadãos, a uma outra compreensão do mundo.

Sinceramente, já bebi muito – até comemorando o segundo turno. Raciocinem vocês, daí pra frente. Vou mais é encher a cara. FUUUUUIIIIIIII!!!!!!

PS: Viva Aécio!!!!!!

Um comentário:

Anônimo disse...

Você não precisa explicar a sua traição. Já está do que provada e principalmente publicada. Com essa sua nota, você só faz comprovar e assumir o seu enorme peso na consciencia. Que Deus lhe perdoe.E o jornalismo também.