quarta-feira, 13 de junho de 2007

O jogo

O Jogo Democrático



Tenho verdadeira paixão pelo jogo democrático. É, para mim, um exercício fundamental de Cidadania. Não apenas me sinto partícipe da sociedade. Sinto que os outros, principalmente, também se sentem assim.

Democracia “sozinha” não é democracia. É discurso, narcisismo e outras paradas do gênero. Democracia, como o próprio nome indica, é mais que um. É coletivo, é debate, “gastação” de cuspe. É o contraditório, a relação de mão dupla com o diferente.

É a essência do Humano; o “dom” que nos permitiu descer da árvore e caminhar em direção às estrelas.

Porque foi a possibilidade de divergir – e não qualquer outra – que fez de nós aquilo que somos. Ontem, os uga-buga das cavernas. Hoje, os amantes dos blogs.

Por tanto amor à democracia, é que é raro, em mim, rodar a baiana. Aceito, com toda a atenção do mundo, as críticas. Penso, reflito acerca delas. E, sinceramente, agradeço a quem as faz.

Porque, para mim, crítica é, sobretudo, atenção, consideração, respeito. Afinal, a crítica trai a deferência que se tem pelo criticado, não é mesmo?

Só me enfureço diante do xingamento covarde. Da baixaria travestida de crítica. E essa eu rebato, impiedosamente, como já fiz tantas vezes.

Mas, me criticarem, mesmo que deformando fatos, puxando a sardinha para a brasa de quem critica, é para mim perfeitamente normal. Faz parte do jogo...

Não vou, portanto, responder às críticas que me fazem em outros blogs, principalmente em relação à queda de Guedes. Não porque não considere tais blogs – pelo contrário – ou aos seus comentadores.

O problema é que já ouvi, de há muito, o rufar dos tambores. Conheço, de longe, a preparação a qualquer guerra – afinal, como já disse aqui, o meu espírito bélico, me predispõe a todas elas...

Só espero que os meus críticos tenham em mente que o meu front não é aqui, não é neste blog.

Não padeço da visão ufanista de que os blogs, no Brasil, já fazem a diferença no jogo político. É provável que, daqui a 100 anos, seja assim. Mas, agora, certamente, não é.

Por uma razão matemática simplíssima: a maioria esmagadora da população brasileira mal tem dinheiro para comer, quanto mais para ter acesso à Internet.

E dentre os que acessam a Internet, a maioria esmagadora busca a rede por outros objetivos – principalmente, entretenimento ou a troca de “recados”, “cartas” eletrônicas.

Logo, a informação dos blogs atinge, se muito, 1% dos mais de 170 milhões (é isso?) de brasileiros. E no país inteiro...

Logo, o meu front jamais poderia ser aqui. Até porque sou, apenas, uma trabalhadora. Tenho de ter quem pague pela minha força de trabalho, até para ter um pedaço de pão para dar a minha filha – e, obviamente, continuar a ter acesso a Internet.

Assim, o tempo de que disponho para estar aqui é o tempo de que disporia qualquer trabalhador. Que tem de lutar, honestamente, pela própria sobrevivência...

Isso quer dizer que não posso estar aqui todos os dias. Em todas as horas que a informação acontece. Porque, para isso, teria de ter financiamento.

E financiamento, em geral, compromete a informação. Daí que prefiro este blog meio esculhambado, em termos de temporalidade de atualização. Porque isso significa que é um espaço verdadeiramente livre. Esculhambado, mas libre!

Por outro lado, me sinto até, como direi, orgulhosa, pelo fato de tentarem desfazer de meu trabalho por aquilo que não fiz – comentários e notas, por exemplo, que jamais produzi.

Porque isso significa que não há por onde se pegar a informação que divulgo, tão exata ela é.

Mas aí, eu somo dois mais dois – e me desculpem, queridos, mas, não está em mim, deixar de somar dois mais dois.

E eu me lembro que a Valéria ajuizou dois processos contra mim – vejam só, cobrando R$ 200 mil de indenização em cada um! Tadinha!...Vai me virar de cabeça pra baixo e não vão cair R$ 0,50...

Mas, se o juiz determinar prestação de serviços à comunidade, vou responder: perfeitamente, doutor! Se o senhor me permitir, vou continuar a fazer o que sei fazer melhor - vou investigar o bom uso do dinheiro público! O meritíssimo quer melhor prestação de serviços à comunidade do que isso?

O problema é que, para me descredibilizar, vão ter de descrebilizar o Diário Oficial do Estado, os contratos firmados pelo Estado, a Junta Comercial do Pará e tudo que é certidão cartorária que se possa considerar “certificada”...

Lá pelas tantas terão de descredibilizar até gravações ou, mesmo, o que está ali diante dos olhos de todos...

Porque não faço jornalismo do tipo: eu penso, eu creio, fulano acha, fulano diz...Para mim, um único documento é mais eloqüente que todos os “achismos” do mundo...

Quer dizer, doutora Valéria, se a senhora me permite: para se “descasar” do Dourado, há que intentar bem melhor que isso...

Assinado: Mera Cidadã

2 comentários:

Eduardo André Risuenho Lauande disse...

Dá-lhe, sempre boa e apropriada Perereca. Vc é sempre vanguardista. E o resto é o resto, lembre-se disso!

Anônimo disse...

Ana Célia parabéns pelo blog...
Você realmente faz a diferença do jornalismo paraense...
Sei querer usar do "achismo", você já sabe o quanto sou admiradora do seu trabalho e o quanto me orgulho de ter trabalhado com você.
O seu barulho, sem dúvida, incomoda esses falsos moralistas políticos que desviam o dinheiro público da sua principal função.
Continue assim. Não tema quem tem medo de você. Pois é isso que são: medrosos. Eles têm medo do jornalismo que mostra a verdade dos fatos, pois devem e muito à sociedade paraense.
Parabéns!!!

Marcela Andrade