sexta-feira, 19 de junho de 2009

Jatene4





Tucanos podem bater chapa na convenção



Perereca: Desculpe a franqueza, a pergunta: o senhor não recuou, em 2006, na sua candidatura, por medo de entrar em bola dividida? Por medo de ter de disputar a candidatura, na convenção, com o doutor Almir?





Jatene: De jeito nenhum! Mas, de jeito nenhum!...



É gozada essa coisa da política: ela tem umas coisas fantásticas, mas tem, também, umas coisas muito perversas.



Uma delas é, exatamente, esse sentimento.



Se você se desvia um pouco do que, supostamente, é o que as pessoas vislumbram como sendo “o caminho natural”, você tem de achar uma pitada de canalhice para botar naquele desvio, porque não pode ser por um gesto dessa natureza. Ninguém pode abrir mão dessa coisa fantástica que é a possibilidade de manter o Poder, por um ideário superior.



Ora, se tem alguém que pode tocar o projeto com qualidade, com compromisso, e os princípios serão mantidos; e se, filosoficamente, no caso específico das sociedades em que os partidos são frágeis – não é a democracia, a reeleição pela reeleição – mas se, nesses casos, eu discordo da questão, acho que a reeleição não é uma boa alternativa, qual o problema?




Então, não foi por esse negócio de “bola dividida”, não. Pelo contrário: foi a valorização do projeto coletivo, foi a valorização do Poder para fazer. Foi a compreensão clara de que mais importante do que quem está sentado na cadeira é o projeto que está sendo executado e que, necessariamente, só se realiza como fruto de um esforço conjunto.







Perereca: Então, o senhor está disposto a bater chapa, na convenção do ano que vem, com o senador Mário Couto, caso ele não recue?




Jatene: Deixe eu lhe dizer uma coisa: espero que não precisemos fazer isso. Mas, já disse isso em mais de uma oportunidade: eu não inventei essa história da minha candidatura – não inventei, mesmo!



Ela foi se forjando, nestes dois anos, como fruto de apelo, de muita discussão com lideranças políticas. E eu lhe diria que, nos últimos tempos, sobretudo fruto de uma enorme manifestação das ruas.



Eu ando nas ruas: não tenho motorista, não tenho seguranças; vou ao supermercado, fazer as compras de casa; vou ao shopping, como todo mortal... E encontro com as pessoas. E o sentimento das pessoas, o apelo das pessoas, é que está na raiz da minha candidatura.



O partido tem dez deputados estaduais – e os dez são favoráveis a ela; tem três deputados federais – e dois são favoráveis a ela; entre os prefeitos, a grande maioria, inclusive municípios como Abaetetuba, Paragominas, Altamira são favoráveis. Então, o que é que pode mudar isso? É o partido dizer que fez uma avaliação de que não é assim. Por que, se não, qual o sentido do discurso coletivo?




Não quero porque quero ou porque já fui e quero ser de novo, ou porque o cavalo está passando selado... – isso, para mim, não é um jogo, não! Isso, na verdade, é um enorme desafio, que precisa ser assumido em toda a sua extensão, mesmo!



Formatar um projeto de Estado, neste momento, é um grande desafio.








Perereca: Então, o senhor vai até o fim na sua pré-candidatura?




Jatene: Já lhe disse isso: se for o desejo do partido e o sentimento da população, eu seria absolutamente incoerente, estaria negando toda a minha história se não fosse.



Para mim, a questão central é esta: por que é que você quer ser candidato?



Primeiro, porque as pessoas têm uma avaliação, do que está aí, de profunda decepção.



Eu quero porque as pessoas estão me dizendo que se sentem enganadas, que se sentem frustradas e que acham importante a gente retomar isso.



Quero porque a classe política considera isso importante; tem uma avaliação muito semelhante a essa da população.



Então, isso não é um jogo, não é uma disputa pela disputa. Não é porque não tenho nada a perder que sou candidato – não existe isso.



Sou candidato porque acho que todos nós temos muito a perder neste momento.



A minha pré-candidatura está colada pelo muito que este estado está perdendo e pode continuar perdendo. É isso que, na verdade, está por trás dela.



Também não sou nenhum “Messias”, tenho essa clareza.



Não é nada “Messiânico” isso, não.



É uma coisa muito pé-no-chão, de perceber que esse é um sentimento que está posto na sociedade, nas lideranças políticas. Então, paciência.


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