sábado, 27 de novembro de 2010

Ping-Pong Jader VIII: “Fui seqüestrado por ordem de um bandido travestido de juiz”



Perereca: Agora, o senhor não tem medo de acabar novamente algemado, que nem em 2002? Como é que foi aquela coisa das algemas? Ficou um trauma daquele episódio? Como é que o homem, a pessoa Jader Barbalho, se sentiu com aquelas algemas diante da população? O senhor não tem medo de que isso volte a acontecer?
Jader: Olhe, eu vou dizer uma coisa: deve ser da mesma forma como a Dilma Rousseff se sentiu torturada, na época do regime militar. Fui objeto de uma violência política – tanto assim que, no mesmo dia, o Tribunal Regional de Brasília considerou como uma violência. Eu sofri um seqüestro judicial. Um juiz – ou um bandido travestido de juiz – assinou um seqüestro meu e determinou... Tudo aquilo foi uma armação. E por quê? Porque era o início de 2002 e uma série de pessoas, aqui e alhures, temiam que eu fosse candidato ou ao Governo do Estado, ou ao Senado. E achavam que aquele gesto de humilhação iria me abalar. Mas eu não fui o primeiro.  Quantos não foram pendurados em pau de arara por torturadores fardados? Outros são torturados por torturadores togados. Não vejo diferença entre eles. Até fico pensando que alguns torturadores togados, graças a Deus, não estavam à mesa, quando foi elaborado o AI5, porque talvez escrevessem coisas piores que os militares. Porque não existem ditadores apenas de farda: existem ditadores também de toga; existem ditadores investidos em outras funções. Só com um detalhe: essa violência apenas me fortaleceu. 

Perereca: Mas não ficou nenhum trauma? Afinal, se não me engano, o senhor foi preso na frente da sua mulher e da sua filha...
Jader: Não, absolutamente: todos compreenderam que eu estava sendo objeto de um gesto de violência. Como posso ser amarrado por um bandido, que entra na minha casa, e me amordaça e me tortura. E aí? Eu fui torturado por um bandido. Evidentemente, eu teria até maior compreensão de ser torturado por um bandido. Agora, naquela altura, eu fui torturado por um juiz de Xixiriteua, por um bandido togado. 

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